A primavera é sempre um divisor de águas para os cafeicultores que esperam produtividade e uma lavoura sadia. É justamente na estação das flores que ocorre a aguardada florada do café, fase decisiva para definir o potencial produtivo e o valor de mercado.
Para quem segue a cartilha recomendada por especialistas, e fica de olho nas doenças que atacam a florada, o segundo semestre pode significar alívio e indicação de uma safra repleta de frutos. Desde que o clima colabore, é claro.
Simone Carneiro, produtora de café na cidade de Cambuquira, interior de Minas Gerais, cuidou muito bem dos 50 hectares que cultiva na Serra da Mantiqueira.
Ela realizou duas aplicações de fungicida. A primeira pulverização foi feita na pós-florada, após o secamento e a queda das pétalas, em outubro de 2018.
“Esta pós-florada é a partir do momento em que as pétalas já abriram e começaram a murchar e cair. Momento em que as condições climáticas ainda estão favoráveis para o ataque dos fungos que formam o complexo de doenças comuns na florada”, afirma Luiz Henrique Fernandes, DTM da Syngenta.
No caso da produtora mineira, a opção foi por não fazer aplicação de fungicida na pré-florada, quando os botões estão na fase popularmente chamada de “cotonete”.
“Eu prefiro ir monitorando os cafezais e utilizar o produto somente quando a necessidade for detectada”, afirma Simone, que só foi realizar a segunda pulverização antes da colheita, agora em 2019.
Intervalo entre as aplicações
Para os produtores de café que aplicam o fungicida já na pré-florada, a orientação é respeitar um intervalo de 25 a 30 dias até a segunda pulverização, na pós-florada. Isso garante um período de controle em torno de 70 dias.
Respeitar os intervalos corretos e fazer as aplicações nos momentos certos, sem abrir mão do monitoramento, é essencial para garantir a proteção da florada, controle que exige fungicidas de amplo espectro de ação e produtos que evitem o desenvolvimento de resistências das doenças mais comuns.
“Não basta ao cafeicultor ter produtos altamente eficientes. Ele precisa fazer aplicações no tempo certo. A mancha de phoma, por exemplo, ataca o tecido num período muito curto, entre 6 e 10 dias, muito rápido para cultura perene do café. Este é o timing correto de aplicação. É preciso respeitar e seguir a orientação de especialistas”, ensina Fernandes.
Como identificar doenças
A mancha-de-phoma causa lesões nas margens das folhas, impossibilitando o crescimento e as deixando retorcidas. É possível observar pequenas pontuações marrom-escuras. A disseminação do patógeno ocorre pelos respingos de água das chuvas ou da irrigação. Nas flores e nos frutos, o fungo causa lesões escuras. Eles podem ser atacados em qualquer estágio de desenvolvimento.
A mancha aureloada é causada por uma bactéria. Como a mancha de phoma, também apresenta manchas como coloração marrom-escura, de formato irregular. A diferença está na presença de um anel amarelo (auréola), que é de onde vem o nome da doença. Elas são distribuídas em toda a superfície das folhas, sendo mais frequentes nas bordas. Nos ramos, causa requeima e nos frutos infectados, necrose. Exige a aplicação de fungicidas à base de cobre, também chamados de fungicidas cúpricos. (link priori top)
A cercosporiose ataca especialmente os frutos. Ela pode tanto derrubar os que estão em formação, chamados de chumbinhos e até mesmo provocar queda de qualidade dos já granados, conforme o momento em que atacam o cafezal. Altas temperaturas, chuvas seguidas de veranicos e desequilíbrio nutricional são fatores que facilitam o seu surgimento.
Controle das doenças
O controle das doenças que surgem na florada do café exige fungicidas de amplo espectro de ação e produtos que evitem o desenvolvimento de resistência. Esses dois grandes benefícios podem ser encontrados no mesmo fungicida foliar.
Já de olho na safra seguinte, Simone Carneiro pensa na próxima florada que deve vir entre agosto e setembro deste ano. “A gente tem sempre uma máxima atenção nesta fase tão importante para cultura do café. Muitas vezes o clima não ajuda, mas precisamos fazer a nossa parte”, diz a produtora mineira.
Autoria: João Henrique Bosco
Parceria: Canal Rural
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